A responsabilidade por monitorar e promover inspeções periódicas é do responsável eleito em assembleia, ou seja, o síndico. Segundo a norma NBR 5674 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a gestão da manutenção predial pode ser transferida para um profissional ou empresa contratada.
A norma em si não indica penalidades, entretanto, caso aconteça um acidente os responsáveis podem ser indiciados civil e criminalmente. “Por enquanto somente algumas prefeituras obrigam inspeções periódicas em partes específicas e perigosas da estrutura. Mas não precisa obrigar, o ideal é conscientizar”, lembra Paulo Helene, professor titular da USP, especialista em Patologia das Construções e diretor da PhD Engenharia.
É neste papel que a administradora pode atuar, mesmo que não responda pelas manutenções do condomínio. Alertar os síndicos e moradores sobre os riscos de não realizar manutenções preventivas regulares demonstra sua preocupação com o bem-estar dos seus clientes.
As manutenções preventivas existem para antecipar possíveis problemas, que muitas vezes não são aparentes na estrutura. Enquanto detalhes superficiais como rachaduras e deterioração nas áreas comuns são visíveis, existem aqueles escondidos, como encanamentos e rede elétrica.
Para evitar a necessidade de remediações no futuro, que podem ser bem mais custosas, as inspeções periódicas são cruciais. Para Paulo Helene, além dos síndicos e zeladores precisarem estar treinados para perceber os “gritos de socorro” da estrutura, ainda há a necessidade de recorrer aos profissionais da construção civil.
“Ao invés de esperar que os problemas apareçam e sejam visíveis, o ideal é um programa regular de inspeções periódicas realizadas por um engenheiro especialista e competente”, lembra o especialista.
Por isso, apesar de esses tipos de serviços poderem significar custos a mais, é importante considerar os efeitos futuros da negligência. Trata-se de riscos à saúde e bem-estar dos condôminos, funcionários, fornecedores e visitantes.
As atribuições da administradora de condomínios na gestão do empreendimento estará pautada no contrato e, portanto, podem variar. Não existe um parâmetro legal que obrigue e responsabilize esse tipo de empresa sobre a manutenção predial.
Entretanto, existem dois aspectos para se considerar sobre sua atuação nesses casos: o humanístico e o comercial. Prezar pela segurança daqueles com quem você mantém relação – seja pessoal ou profissional – sinaliza que sua preocupação vai além do contrato.
E na mesma linha, essa consultoria e relacionamento próximo aos clientes se torna um diferencial competitivo. A maior força que você pode adicionar na tração do seu negócio é a solução das dores e dúvidas dos seus clientes e esse passo extra significa exatamente isso.
Clientes felizes e satisfeitos com a sua atuação são mais propícios a se tornarem promotores da sua marca. Ou seja, são indivíduos que podem indicar sua marca e gerar mais receita para você.
Sabendo que pode ajudar, como fazer, então, para conscientizar os síndicos e condôminos sobre a necessidade de realizar inspeções? O primeiro ponto é sinalizar os riscos e agravantes que podem decorrer da falta de manutenções preventivas.
O momento não poderia ser mais propício, o desabamento do Edifício Andrea ligou o sinal de alerta na população. No espaço de 4 dias após o incidente, o número de ocorrências registradas na Defesa Civil de Fortaleza aumentou em 86%.
Num levantamento feito pela Defesa Civil do Distrito Federal, 695 imóveis foram notificados por irregularidades na unidade federativa. 93 deles chegaram a ser interditados e 14 resultaram em desabamento.
“A engenharia dispõe de recursos similares aos da medicina e usa raios X, gama radiografia, tomografia, ultra som, ensaios magnéticos, ensaios eletroquímicos, etc., que permitem conhecer o ‘estado’ da estrutura antes dela fissurar, expandir ou corroer”, aponta Paulo Helene.
Além disso, ele ainda complementa que nunca se deve iniciar “reforma corretiva na estrutura sem um diagnóstico e um projeto de intervenção da estrutura”.
Além dos esforços inerentes à conscientização, há a parte prática colocar em curso a manutenção. Afinal, você pode até fazer com que síndicos e condôminos entendam a urgência, mas a gestão de projetos e burocracia pode desanimá-los de seguir com o processo em frente.
Para eliminar o problemas relacionados à gestão de projeto, a recomenda-se contar com o auxilio da tecnologia. “Uma das vantagens, com essa sistematização do controle das demandas, é proporcionar à equipe administradora do condomínio a sua melhor gestão, como a inspeção periódica predial, a manutenção de bomba e de equipamentos”, destaca Maria Luíza Machado, sócia da Haprojet.
Apontar os riscos é necessário para gerar a sensação de urgência, mas não é a única maneira de conscientizar. Apresente-lhes também os pontos positivos, os benefícios, de ser fazer a manutenção preditiva.
O primeiro ponto, e talvez mais importante para os moradores, é em relação aos gastos. Afinal, a aprovação de procedimentos de alto custo podem ser especialmente complicados nas assembleias – ainda mais dependendo da demografia e localização do condomínio.
Sinalize que a correção de ativos e troca de peças em equipamentos antes que apresentem falhas será mais barata. Se possível, você pode até fazer uma simulação dos valores, para dar-lhes uma noção prática..
O segundo é a combinação entre conveniência e moradia. Quando um indivíduo opta por morar em um condomínio, ele deseja segurança, boa convivência e conforto. Então, basta recordá-los desses valores e a importância das manutenções para assegurá-los das vantagens de se realizar esses procedimentos.
Agora que você sabe como conscientizar, é preciso conhecer os elementos que devem ser destacados para os síndicos e condôminos. Alguns são mais simples e estão nos planos de manutenções rotineiras e existem aqueles esquecidos ou passados para frente.