Cultivar economia, convivência e alimentação saudável nas áreas comuns do condomínio por meio da produção de produtos orgânicos. Estes são apenas alguns dos benefícios que a implantação de hortas coletivas traz aos moradores dos empreendimentos, que podem ocupar áreas de jardim e de cobertura dos prédios para plantar e colher hortaliças frescas e, de quebra, contribuir para um visual mais verde por meio da agricultura urbana.
Para instigar a população e mostrar a variedade de espaços disponíveis que podem ser utilizados para esta finalidade– como já ocorre em algumas cidades do Brasil e do mundo– os arquitetos do escritório Estúdio 41 desenvolveram um projeto em parceria com estudantes das principais universidades de Curitiba. No trabalho, que foi exposto no Museu de Arte da UFPR, eles mapearam 400 mil m² de áreas que poderiam ser utilizadas para cultivo, isso apenas no Centro da cidade. O espaço, segundo o arquiteto João Gabriel Rosa, um dos responsáveis pelo projeto, seria suficiente para suprir o consumo de hortifrutis de 149 mil pessoas por ano.
Na prática, ações como a do projeto já acontecem em condomínios da capital. No Residencial Nova Orleans e Nova Orleans I, um grupo de nove famílias mantém uma horta há oito anos em um terreno nos fundos do residencial. O aposentado Waldir Moré, um dos responsáveis pela área, conta que praticamente não compra mais feijão, milho e verduras, que são colhidos e trocados entre os vizinhos. “É uma terapia cuidar da horta. Além de proporcionar economia e o consumo de produtos mais saudáveis, para nós ela é um lazer”, afirma.
Os benefícios desses espaços de cultivo são indiscutíveis, mas implantar uma horta no condomínio demanda empenho e organização por parte dos condôminos. A decisão precisa ser aprovada em assembleia respeitando-se o quórum mínimo, caso dependa ou não da realização de uma obra. Estipular regras sobre o cuidado e quem poderá fazer uso dos alimentos também é fundamental para evitar brigas entre os vizinhos, lembra a arquiteta Maria Fernanda Lorusso.
A escolha do local deve levar em conta a incidência pelo menos duas a três horas de sol por dia. Hortas “de chão” devem ser instaladas em terrenos planos ou levemente inclinados.
Menos aproveitados, espaços ociosos nas coberturas dos edifícios também são uma boa alternativa. Neles, as plantas podem ser cultivadas em vasos e floreiras ou nos chamados telhados verdes, que transformam os terraços em verdadeiros jardins a céu aberto. Maria Fernanda lembra que o cultivo na cobertura demanda um estudo junto a um profissional habilitado para saber se o peso dos vasos e da terra e o crescimento das raízes não irão comprometer a estrutura do edifício. “Também é necessário impermeabilizar a laje e pensar na drenagem da água, para evitar infiltrações. Uma horta bem organizada pode funcionar até como paisagismo”, lembra a arquiteta.
Manter uma horta dentro do apartamento é uma boa solução para trazer as delícias dos temperos e hortaliças para mais perto da cozinha. Confira as dicas
Fonte: Luís Henrique Cunha Vieira, biólogo e consultor de vendas da Esalflores. Gazeta do Povo