Muitos condomínios têm optado pela instalação de hidrômetros individuais buscando uma cobrança mais justa para cada unidade.
Onde você mora a conta de água vem separada, só com os gastos do seu apartamento? Nada mais justo que cada morador pague aquilo que consumiu, certo? Para atender a essa demanda, no ano passado o Governo Federal sancionou a Lei n. 13.312, estabelecendo que, a partir de 2021, os edifícios estão obrigados a individualizar a medição do consumo de água. Condomínios antigos não se enquadram na lei, mas os próprios moradores de alguns edifícios têm se articulado para fazer essa mudança, visando maior economia no final do mês.
O condomínio Solar das Acácias, localizado no Centro de Florianópolis, foi pioneiro na individualização dos hidrômetros na Capital. Em 2010, a síndica Márcia Noêmia Cardoso, de 49 anos, levou a ideia para votação em assembleia e conseguiu a aprovação dos moradores. “É justo que aquela pessoa que mora sozinha pague menos do que os apartamentos onde moram quatro pessoas, por exemplo”, comenta. “No começo foi um pouco difícil, mas assim que o pessoal se adaptou, começou a economizar”, completa.
De acordo com Márcia, foi preciso criar novos hábitos de consumo de água nos apartamentos e nas áreas comuns, mas a mudança valeu a pena. “O pessoal precisou se adequar para conseguir economizar no final do mês. Hoje, gastamos quase a metade do valor que pagávamos antes”, comemora a síndica. “Além disso, agora conseguimos descobrir com facilidade onde há vazamentos e assim podemos evitar o desperdício”, acrescenta.
É justamente em busca de economia que muitos condomínios têm buscado a individualização da cobrança, mesmo que não sejam obrigados por lei. “O custo da água está muito caro, e o pessoal tenta economizar o que pode. Por isso, nos últimos seis meses, a procura pela individualização dos hidrômetros cresceu mais de 300%”, conta Maicon Luiz Felisino, 35, técnico hidráulico e proprietário de uma empresa que faz a individualização do consumo de água.
A mudança na prática
Para levar adiante a individualização da cobrança do consumo de água, é preciso que os moradores de um condomínio entrem em consenso para que a mudança seja feita em todas as unidades, já que não é viável individualizar apenas alguns apartamentos. “De certa forma, a conta não se equilibraria e o custo da instalação ficaria inviável também”, explica Felisino.
Como cada edifício tem suas particularidades, é preciso que um técnico avalie as instalações hidráulicas para planejar a mudança. “Grosso modo, é preciso ‘ramificar’ para cada apartamento o tubo principal que sai da caixa d’água coletiva, instalando em cada ramificação o medidor individual”, afirma Felisino.
De acordo com o técnico hidráulico, a individualização da cobrança pode ser feita com dois tipos de aparelhos: analógico e digital. “O hidrômetro analógico é mais barato, mas todo final de mês alguém precisa fazer a leitura do consumo em cada aparelho, o que deixa a medição sujeita a erros. Já o sistema chamado de telemetria (digital) envia automaticamente para uma central as informações do hidrômetro, reduzindo os erros de leitura a zero. É tudo automatizado, ninguém precisa botar a mão”, explica Felisino.
O custo para a individualização da cobrança de água nos condomínios mais antigos varia entre R$ 700 e R$ 3.000 por unidade consumidora, dependendo da estrutura do empreendimento. “Se o prédio já tem uma estrutura pré-pronta, o custo vai ser menor. Se for preciso readequar a distribuição de água, quebrar paredes etc., pode chegar a R$ 3.000. Mesmo assim, com a economia gerada, em médio prazo a mudança se paga”, afirma Felisino.
Fonte: CondomínioSC