Em busca de um lugar seguro e tranquilo para morar, muitas famílias têm optado por condomínios para que, além da proteção contra roubos, possam ter mais liberdade para aproveitar as áreas comuns e os espaços abertos. Porém, no caso de condomínios horizontais, as vias internas acabam se tornando uma extensão das casas e a imprudência na circulação de carros e motocicletas podem tirar o sossego dos moradores e provocar acidentes, principalmente com crianças e idosos. Situado na Grande Florianópolis, o condomínio Terra Nova Palhoça possui 1274 casas e todos convivem com um intenso tráfego de veículos.
De acordo com o presidente da Associação dos Moradores do Terra Nova Palhoça (AMTNP), Jean Carlo Inácio, ao receberem o imóvel todos os moradores do condomínio recebem um manual onde consta o limite de velocidade máxima de 10 km/hora permitida nas áreas internas. “Devido ao tamanho do condomínio tivemos uma mudança no limite para 20 km/hora, porém a alteração não foi suficiente, continuando o desrespeito à norma. Com isso, além das placas em todas as ruas avisando sobre o controle, foi necessária a instalação de redutores de velocidade nas vias principais”, diz o representante dos moradores. Segundo Inácio, a divulgação das normas ocorre até em excesso, mas isso é necessário, já que alguns moradores têm um comportamento irresponsável e ignoram as regras.
O assunto é constantemente debatido em assembleia. “Já tivemos caso de acidente com menores ao volante, com perseguição e até capotamento em frente ao condomínio, na área externa. Todos sem registro de acidente grave, mas como se trata de área privada, o condomínio sempre é responsabilizado”, diz. Na avaliação do representante pouco adianta as medidas punitivas leves, porém ter as placas e orientações bem visíveis a todos torna o ambiente mais familiar e ajuda a refletir sobre a educação e o comportamento nas vias.
Redutores e câmeras
Localizado no bairro Porto da Lagoa, em Florianópolis, o condomínio Villas do Porto se apoia na prevenção para evitar acidentes nas vias internas. “Já na entrada temos sinalização indicando a velocidade máxima permitida, de 30 km/hora. Além disso, nas vias de acesso às casas temos tachões redutores de velocidade, também conhecidos como ‘olho de gato’, placas indicando os obstáculos e a velocidade permitida aos motoristas e também instalamos câmeras”, descreve o síndico, Tânio Marçal de Mello Barreto. Segundo o síndico, nunca houve nenhum registro de acidente dentro do condomínio, que conta com 90 lotes e 70 casas até o momento. “Normalmente quem não respeita as normas são os prestadores de serviço e entregadores. Neste caso advertimos e se o fato voltar a se repetir proibimos a entrada, pois temos muitas crianças no condomínio e não podemos arriscar”, declara Tânio.
Orientação
José Leles de Souza, doutor em Engenharia de Transportes pela USP de São Carlos (SP), explica que o Código de Trânsito não se aplica aos condomínios, pois é preciso que existam vias internas abertas à circulação da população. Ou seja, se forem áreas fechadas, apenas para acesso dos moradores, não se aplica a legislação de trânsito. Segundo o engenheiro, dentro de condomínios o ideal é que a velocidade para efeito de estacionamento, saída e entrada de veículos seja estabelecida entre 20 e 30 Km/h, no máximo. Ele orienta que a conscientização dos moradores é a melhor forma para evitar acidentes nas áreas internas do condomínio. “É possível também estabelecer em Assembleia o envio de advertências aos moradores que tiverem atitudes que coloquem em risco a segurança. Além disso, os próprios moradores e funcionários podem auxiliar na fiscalização”, ressalta Leles. Por Graziella Itamaro
Fonte: CondomínioSC