O que você precisa saber ao terceirizar a portaria, limpeza, segurança e outros serviços do seu condomínio
Hoje, muitos síndicos optam por empresas terceirizadoras de mão-de-obra em seus condomínios.
De acordo com o último censo Síndiconet, de 2015, respondido por mais de 4.500 pessoas em todo Brasil,36,1% dos que participaram apontaram que seu condomínio utiliza mão-de-obra terceirizada.
Inicialmente, a ideia era gerar economia na folha de pagamento do condomínio. Mas esse benefício logo mostrou-se pouco factível, uma vez que os custos, na prática, acabam sendo semelhantes aos da contratação direta de profissionais.
O principal benefício percebido migrou, então, para a vantagem de o síndico poder delegar uma parte da administração condominial extremamente importante.
Assim, ele não é mais o responsável direto pela gestão dos funcionários. É a empresa contratada quem deve escolher, treinar e dar feedback aos colaboradores – além de montar a escala e pagar salários e direitos dos trabalhadores.
Devido à crescente relevância do tema no mercado condominial, o SíndicoNet traz um conteúdo completo sobre terceirização de mão de obra em condomínios. Confira:
O que são e quais as atribuições das empresas terceirizadoras de mão-de-obra
Esse tipo de empresa oferece funcionários para diversas funções do condomínio. Seja para portaria, conservação, limpeza, vigilância e outros serviços, as terceirizadoras podem ajudar.
A empresa fica responsável também por montar a escala de trabalho no condomínio, treinar os colaboradores e também por repor qualquer funcionário que por ventura venha a faltar.
O condomínio paga uma taxa mensal à empresa e a mesma deve pagar não apenas o salário dos funcionários, como também as horas extras e todos os impostos e encargos.
Principais atribuições da empresa
Terceirização gera economia para o condomínio?
Logo que a opção da terceirização surgiu, muitos condomínios optaram pela modalidade para conseguir economizar.
Hoje, não é o que se vê praticado no mercado. Como dissemos no início, os custos com uma empresa séria de terceirização não se afastam muito do que custaria um funcionário próprio, uma vez que os encargos e direitos trabalhistas são os mesmos.
Por isso, por mais que seja sempre muito importante economizar e cortar custos, contratar aquela empresa que oferece o valor muito mais barato que a concorrência pode não ser uma boa opção.
Afinal, se o preço da mesma é tão competitivo, a terceirizadora pode estar pagando os funcionários abaixo do piso da categoria, ou não quitando os encargos e tributos devidos, o que pode, no futuro, se revelar um passivo para o condomínio.
Vantagens e desvantagens na terceirização
Vantagens*
Desvantagens
(*) Terceirização é coisa séria e, se feita por uma empresa de má qualidade, pode trazer riscos e prejuízos consideráveis ao condomínio. Por isso, se a terceirizadora não for idônea e de boa qualidade, provelmente as vantages elencadas acima não serão sentidas na prática.
Satisfação com empresas de terceirização
Conforme mencionamos no início, segundo o levantamento do último censo SíndicoNet, 36,1% dos que responderam afirmaram que em seu condomínio contam com mão de obra terceirizada.
Dessa fatia que optou pela terceirização, a mesma pesquisa aponta que 78,2% dos clientes estão satisfeitos com o serviço prestado pela empresa.
Por outro lado, apesar de mostrar que a grande maioria está satisfeita com o cenário atual, os outros 21,8% apontaram um descontentamento com a empresa e serviços contratados.
Os condomínios demonstrarem um índice de satisfação perto de 80% para uma modalidade de serviço como essa, que depende 100% de capital humano e ainda conta com muitas empresas pouco qualificadas, não deixa de ser um resultado positivo. Mas essa outra parcela de 21% de insatisfeitos é relevante, e ressalta ainda mais a importância de saber escolher uma empresa sériapara atuar no condomínio, analisa Julio Paim, diretor e fundador do portal SíndicoNet.
Funcionários próprios
Da mesma forma, contratar funcionários próprios também não é garantia de satisfação. A mesma pesquisa mostra que cerca de 20% dos síndicos não estão satisfeitos com seus funcionários.
Por isso, é sempre importante que o síndico invista em capacitação, para que o funcionário se sinta motivado e esteja sempre bem preparado para desempenhar suas funções.
Gráfico
Riscos da terceirização em condomínios
Como tudo na vida, terceirizar também tem um lado bom e um outro não tão positivo.
Aqui, o principal risco que se corre é acabar com um inesperado passivo trabalhista para pagar.
Se a empresa não pagar em dia os direitos e encargos dos trabalhadores, o condomínio será chamado a pagar esses valores, uma vez que o mesmo é co-responsável pelo pagamento, já que foi quem recebeu os serviços efetuados.
Por isso, é fundamental que o síndico acompanhe de perto essa parte do trabalho da terceirizadora.
Segurança
Outro risco que se corre é quando há excesso de turnover – que é quando os funcionários não param no condomínio, estão sendo sempre substituídos.
Isso compromete a segurança do estabelecimento e deve ser acompanhado de perto, principalmente para a vaga de portaria.
Como deve ser o contrato em caso de terceirização
Basear o relacionamento de trabalho em um bom contrato é fundamental. Isso porque o documento é que define quais são as obrigações das duas partes.
Veja abaixo alguns pontos que não podem ficar de fora:
Cuidados na hora de contratar
Documentos que a empresa terceirizadora deve fornecer ao condomínio
Acompanhando o trabalho da terceirizadora
VEJA ABAIXO ALGUMAS PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE TERCEIRIZAÇÃO
Há diminuição da segurança ao optar por funcionários terceirizados?
Esse ponto é polêmico. Há quem acredite que é mais seguro ter funcionários próprios, já que estes ficariam mais tempo trabalhando no condomínio, conhecendo melhor a rotina do local e os moradores.
Outros, porém, acreditam que colaboradores terceirizados recebem mais treinamento e atualizações. E que, por isso, tenderiam mais a seguir a regras de cada empreendimento.
Para o especialista em segurança, David Fernandes, CPP, o que mais importa na segurança do condomínio é haver um plano claro para todos.
“Havendo um bom direcionamento do assunto no local, regras claras e um bom clima de trabalho, não deve haver diferença entre o nível de segurança em empreendimentos com funcionários próprios e terceirizados”, ensina David.
O que fazer se a empresa de terceirização falir ou sumir do mapa?
Infelizmente, se a empresa falir, é muito provável que o condomínio seja obrigado a honrar os compromissos que a terceirizadora deixou de pagar junto aos funcionários.
Por isso, é fundamental acompanhar sempre de perto os pagamentos dos funcionários e de seus direitos.
Quais são os sintomas de que há algo errado com a empresa?
Os principais sintomas de que algo não está 100% correto com a empresa é o atraso de pagamentos de salários e direitos trabalhistas.
Também não é bom sinal quando a todo momento há troca de equipe, tanto de quem trabalha no condomínio como de quem fica no escritório.
O que fazer se os funcionários começarem a reclamar sobre o atraso ou falta de pagamento?
O ideal é que haja um contrato bem elaborado (veja acima) e que, no documento, conste os direitos e deveres das duas partes. Entre os deveres, o síndico deve poder sempre acompanhar os pagamentos feitos aos funcionários e de seus direitos.
Caso a empresa realmente esteja faltando com as suas obrigações, o condomínio deve poder romper com o contrato e ficar livre para escolher um fornecedor que siga o que pede a lei.
Agir rápido é importante
“As empresas geralmente dão sinais de que vão falir. Por isso, quem acompanha os pagamento logo vê que os impostos estão atrasados, e tem a oportunidade de trocar de fornecedor rapidamente. Já quem não faz a lição de casa pode ficar com passivo de anos para pagar”, analisa Ricardo Karpat.
Precisa de assembleia para terceirizar a mão-de-obra do condomínio?
O ideal é que se faça uma assembleia, sim, para referendar essa opção, até porque essa decisão pode resultar em custos extras para os condôminos.
“Como a grande maioria dos condomínios não tem o dinheiro para a rescisão de todos os funcionários, o melhor é que o síndico realmente divida essa responsabiidade com a comunidade”, ensina o advogado especialista em condomínios Alexandre Marques.
Fonte: SindicoNet|