À primeira vista, Aldo Castro, 39, pode se confundir com um síndico profissional comum. Trabalhava como executivo de uma grande empresa há cinco anos, quando percebeu que poderia agregar conhecimentos e procedimentos à gestão de condomínios.
“Atuava na área de operações e facilities. Percebi que poderia ajudar bastante na gestão de condomínios”, explica Aldo.
Para se preparar para o cargo de síndico, o gestor percorreu um caminho bastante orgânico. Atuou em conselho fiscal, conselho administrativo e de facilities até chegar a subsíndico.
“Como minha profissão envolvia bastante implementação de novos projetos, gestão de pessoas, de orçamentos, achei que realmente seria possível fazer um paralelo com a função de síndico”, conta o gestor.
Quando foi eleito síndico, implementou check list de gestão com base no ISO 9001 e 14001, justamente para deixar a administração do empreendimento com cara de empresa. Também desenvolveu uma agenda para os funcionários seguirem, além de, é claro, negociar contratos com os fornecedores.
“Ao oferecermos procedimentos para todos, do faxineiro ao síndico, conseguimos deixar a gestão do condomínio muito mais facilitada. Diminuímos o turnover de funcionários, e muita coisa estava melhorando. Foi quando percebi que, para melhorar nosso fluxo de caixa, precisava diminuir as contas de água e energia do condomínio”, exemplifica.
Percebendo que havia um grande caminho a ser percorrido, Aldo começou pelo básico: a individualização da água.
“Quando conseguimos individualizar a água, deixamos a conta mais justa para todos, afinal, paga mais quem usa mais. Também fica mais claro para a pessoa o quanto ela está gastando. Dá para acompanhar melhor caso a pessoa queira economizar”, frisa.
Outro projeto que ele deseja implementar no condomínio era o de reúso da água.
“Geralmente os condomínios já contam com uma caixa d’água que represa a água da chuva e a bombeia para fora do local. Adaptamos essa infraestrutura para represar a água. Assim, a usamos para lavar as áreas comuns e limpar as plantas. Com essas duas medidas aliadas, conseguimos uma diminuição de 30% na conta de água”, explica o gestor.
Com a conta de água encolhendo, o síndico passou sua atenção para a conta de energia.
“Um dia fiquei pensando em como poderíamos bloquear os raios solares do salão de festas e da academia. Implementamos uma laje verde nessas áreas e não ligamos mais o ar condicionado nesses locais”, conta.
Percebendo que a medida era positiva, o síndico, desde então, implementou cerca de 4 mil m² de lajes verdes no condomínio.
Com as lajes verdes em áreas às quais os condôminos têm acesso, o gestor e a comunidade começaram também a plantar nesses locais.
“Chamamos um consultor especializado em hortas. Ele plantou, e foi muito legal as crianças acompanharem de perto. Atualmente distribuímos a produção do que é colhido uma vez por mês aos moradores”.
Com a horta eles também diminuíram o volume de lixo orgânico do condomínio, uma vez que uma boa parcela é utilizada como adubo para as plantas.
Mais uma medida utilizada para reduzir o consumo de energia foi a substituição gradual das lâmpadas do condomínio por LED. Eles também apostaram na instalação de sensores de presença para que os LEDs só funcionem quando for necessário.
“Optamos por trocar conforme as lâmpadas queimavam. Hoje em dia, aliando essa tecnologia às lajes verdes, nossa conta de energia diminuiu 15%, em uma época em que todos reclamam do valor da conta”, argumenta o gestor.
Sabendo da importância da reutilização de materiais, Aldo percebeu que seria de extrema importância ter umacoleta seletiva eficiente em seu condomínio.
“Para isso, contratamos também uma empresa que nos desse uma consultoria. Treinamos moradores e funcionários do condomínio. Também conseguimos tirar as lixeiras dos andares, algo que é muito difícil em diversos condomínios e investimos também no envolvimento das crianças”, aponta ele.
Sabemos que, infelizmente, em muitos condomínios ainda não há consciência para implementar tantas medidas consideradas verdes.
Para Aldo, o fundamental é explicar que aquele investimento inicial com certeza irá retornar ao condomínio em forma de economia duradoura.
“No caso da água de reúso, por exemplo, uma caixa das maiores pode chegar de R$ 10 mil a R$ 13 mil. Mas dependendo do valor da conta de água, isso se paga em menos de seis meses. Depois disso, é só economia e melhor uso dos nossos recursos naturais”, ensina.
Para os síndicos que estejam querendo implementar essas melhorias no condomínio e estejam encontrando dificuldades, o sugerido por Aldo é tentar envolver ao máximo as crianças.
“Elas são um fator importantíssimo para que essas mudanças realmente fiquem enraizadas no condomínio. Uma casa onde a criança ajuda a separar o material reciclado, que cuida para que os recursos não sejam desperdiçados, é um local onde se valoriza a natureza”, finaliza ele.
Como um bom executivo que agora trabalha em condomínios, Aldo abriu uma empresa de gestão condominial, a Prestta. ”Queremos replicar as boas experiências que tivemos, tanto de gestão como de sustentabilidade em mais condomínios”, explica.
Fonte: SindicoNet