Já no final de março deste ano, a ousadia de um criminoso chamou a atenção da síndica Janete Krambeck e de moradores do condomínio Luiza Napoli, no Itacorubi. Era madrugada de 24 de março, por volta de 5h20, e as câmeras de vigilância do edifício registraram um homem entrando no terreno do prédio e escalando as paredes para invadir os apartamentos. Ele subia e em cada andar tentava cortar a tela de proteção dos imóveis, porém, como as sacadas estavam fechadas, seguia avançando parede acima. O criminoso, que não chegou a ser preso, invadiu dois apartamentos, um deles pela janela da lavanderia. O assaltante levou dinheiro e celulares, e fugiu pelo portão do prédio depois de descer pela parede.
Apesar de distintas, as duas práticas mostram que além da atenção na portaria e na vigilância cotidiana, é preciso observar e analisar individualmente as estruturas físicas de cada condomínio quando o assunto é segurança.
As diferenças entre cada edificação podem estar nos pontos de vulnerabilidade do entorno dos prédios, como muros altos na vizinhança, árvores e facilidade de acesso por construções vizinhas, algo comum em bairros como o Itacorubi, a Agronômica e a Trindade, por exemplo, onde a construção civil ergue novos empreendimentos. “Nós estamos organizando um abaixo assinado, com outros 31 condomínios do Itacorubi, para entregar na Câmara de Vereadores e pedir mais atenção dos órgãos de segurança pública nos condomínios do bairro”, explica a síndica Helena Martins, que administra o condomínio Plaza di Roma, também no Itacorubi.
Com mais de 30 anos de serviços prestados à Polícia Militar de Santa Catarina (PM/SC), o coronel Fernando José Luiz, da reserva da PM, avalia que cada condomínio tem sua particularidade. Segundo Fernando, os síndicos e condôminos devem tentar identificar os riscos e ameaças existentes no entorno dos condomínios, mas não apenas nos prédios vizinhos, e sim em toda a rua e no próprio bairro. “O foco deve ser o controle de acesso, porque um controle de acesso bem elaborado e com normas precisas vai dar resultado. Até os índices de criminalidade do entorno devem ser observados, bem como o perímetro do condomínio, porque cada uma dessas particularidades pode ser facilitador do acesso de bandidos”, afirma.
Fernando diz perceber “uma rotina de acomodação” em muitos condomínios no que se refere à segurança. Afirma ainda que os funcionários costumam ser “muito prestativos”, mas esquecem da segurança. Para ele, é essencial “treinar” os funcionários e “conscientizar” os moradores da importância da “prevenção”. Também, destaca que síndicos devem fazer uma análise prévia de risco, em que os possíveis pontos vulneráveis sejam identificados, mapeados e seus problemas solucionados.
Além disso, destaca Fernando, síndicos e condôminos mais atuantes devem buscar integração com as forças de segurança que atuam nos bairros onde vivem. Isso aproxima os dois lados, facilita o trabalho da polícia e cria um canal mais próximo entre moradores e comandantes de batalhões, delegados e até mesmo guardas municipais. “As pessoas devem procurar saber quem é o delegado do bairro, qual o comando e comandante atuam na área, se a Guarda Municipal tem equipes na região, enfim, buscar essa integração entre a comunidade e o Estado”, argumenta.
O comandante do 4° Batalhão de Polícia Militar, que compreende a região do Itacorubi, tenente-coronel Marcelo Pontes, diz que o assalto no 4° andar do condomínio Luiza Napoli foi “um caso isolado”. E que o assaltante era um usuário de crack. Sobre a mobilização dos síndicos, afirmou que eles devem procurar o Conseg (Conselho de Segurança) da Bacia do Itacorubi, onde a PM é uma das partes que integram o grupo.
Tanto o condomínio administrado pela síndica Helena, como o da síndica Janete estão entre os que lavraram o abaixo-assinado. Principal incentivadora da confecção do documento, Helena afirma que as principais cobranças da comunidade são a criação de um posto policial na região, mais rondas policiais e melhor iluminação no bairro. “Mais de 90% dos condomínios do Itacorubi estão representados no abaixo-assinado, e isso é muito importante porque mostra a representatividade do movimento”, expõe Helena.
Fonte: CondominioSC