A inadimplência em condomínios já está acima de 12,5% em Belo Horizonte. O número de moradores que deixam de pagar as taxas só vem crescendo, segundo Marcos Nery, diretor das administradoras de condomínios da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG). “Ano passado, os inadimplentes eram 9% dos condôminos. Em 2003, não passavam de 4%, mas isso foi antes da mudança do Código Civil, que baixou a multa para quem atrasa. Hoje, entre dever o cartão de crédito e o condomínio, as pessoas preferem descumprir com as obrigações com o prédio, porque pagam juros bem mais baixos”, critica Nery, diretor comercial da Administradora de Condomínios Opala. Em tempos de crise econômica, baixar o valor mensal de uma conta faria toda a diferença, mas não é fácil economizar em condomínios.
Segundo Nery, 90% das despesas de um condomínio são engessadas. “Com Copasa, Cemig e empresas de manutenção de elevadores não tem negociação. Com salário, encargos e impostos dos prestadores de serviço, muito menos. Só se consegue pagar menos quando se diminui o consumo de água e luz, ou cortando funcionários. Senão resta brigar em cima dos 10% negociáveis, que dizem respeito à isenção da taxa ou honorários para síndicos, serviços das administradoras, tarifas bancárias e jardineiro. Segundo Nery, muitos condomínios cortam porteiros noturnos e retornam com o serviço três meses depois porque diminuir a segurança saiu ainda mais caro.
Nery explica que a individualização da água pode fazer diferença, mas exige aprovação de dois terços dos condôminos. A administração do engenheiro Luis Henrique Capanema Pedrosa, de 41 anos, no Condomínio Maura Valadares Gontijo, no Bairro Funcionários, tem surtido efeito. Todos os meses, a despesa do condomínio está 10% menor depois que adotou uma estratégia para diminuir os gastos. “Em vez de baixar o valor, mantivemos o condomínio e reduzimos as despesas. Há mais de dois anos não mexemos na taxa mensal e o condomínio é superavitário. Acumulamos um caixa que nos tem permitido fazer melhorias importantes e novos investimentos.”
As mudanças passaram pela renegociação dos contratos de elevadores, limpeza de piscina, jardinagem e academia. “Reduzimos uma faxineira, alteramos o turno de trabalho e conscientizamos os moradores de que todos são responsáveis. O condomínio trocou lâmpadas da garagem e hall, e orientou porteiros a manterem acesas o mínimo de lâmpadas na madrugada. Isso reduziu a conta de luz em cerca de R$ 800 mensais. Agora, eles estudam implantar um sistema de aquecimento solar como complemento ao aquecimento da piscina, a gás. O investimento se pagará em 18 meses.
Fonte: Estado de Minas, Lugar Certo