Dicas de como economizar ou otimizar o uso da água já são manjadas, entretanto há quem tenha na ponta da língua a teoria e mesmo assim deixe a prática de lado.
A professora titular do Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM), pesquisadora nas áreas de Gestão, Controle e Preservação Ambiental, Célia Regina Granhen Tavares, alerta que se não houver uma mudança de comportamento, as consequências serão sérias.
O volume de água existente no planeta parece suficiente, mas não é bem assim. A professora lembra que, de acordo com o Programa Hidrológico da Organização das Nações Unidas (ONU), o volume total de água está avaliado em 1.386 milhões de km, no entanto, apenas 3% desse volume é de água doce, o que representa 34,65 milhões de km. Do volume existente de água doce, somente 31% está na forma líquida (melhor forma de assimilação), o que significa dizer 10,78 milhões de km, mas apenas 4% dessa água está na superfície (rios, lagos, igarapés etc.), ou seja, 420 mil km.
“Os números mostram que a quantidade de água doce disponível para o consumo representa uma percentagem muito pequena do total da água no planeta e reforça a importância da preservação e manutenção de sua qualidade, bem como de seu consumo consciente”, diz.
A economia de água não deve ocorrer só em casa, mas ns indústrias e na agricultura, por exemplo. Muitas vezes não se tem consciência de que a maior parte da água disponível, a população utiliza sem ver. A professora explica que, de cada 1000 litros de água disponível, 6,15 litros são utilizados para o consumo humano, assim distribuídos: 69% (4,24 litros), para a agricultura, 23% (1,42 litros), para a industrialização de alimentos e 8% (0,49 litros) para as atividades cotidianas da população.
“É importante ressaltar que a população, consumidora final, tem grande responsabilidade sobre o desperdício e pode modificar hábitos para minimização do problema”, ressalta. Ela acrescenta, que, no entanto, o desperdício começa na rede de distribuição, seja por problemas de ligações clandestinas ou ainda por vazamentos na própria rede, sendo que, segundo ela, há registros que indicam que no Brasil, de100 litros de água, apenas 64 litros chegam ao destino.
Segundo um relatório da ONU, já existem 768 milhões de pessoas no mundo que sofrem com a falta de acesso à água potável. A professora lembra outra informação do relatório: se não forem adotadas ações que levem a mudanças de hábitos o quanto antes, até 2030 a situação poderá ser agravada e praticamente a metade da população mundial poderá ter problemas de abastecimento.
“Pode-se dizer que a economia de água não é só uma necessidade ambiental e uma responsabilidade social, mas sobretudo, uma forma de não desperdiçar dinheiro com o pagamento de uma conta de água que foi ralo abaixo”, completa.
O que se pode fazer em casa
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que como toda a sociedade é responsável pela preservação ambiental e economia de recursos naturais,oferece algumas informações sobre como a população pode colaborar para evitar o desperdício em casa.
Banho
Segundo a Sanepar, para um banho de 15 são necessários 105 litros de água. Se esse tempo for reduzido para 10 minutos, o consumo cai para 70 litros. E ao abrir o chuveiro somente para se molhar e se enxaguar, a economia é ainda maior.
Escovar os dentes
Escovar os dentes com a água de um copo é suficiente, com a torneira aberta, cerca de 10 litros vão pelo ralo.
Carro
Lavar o carro com um balde também ajuda a evitar o desperdício. Com a mangueira aberta, são gastos 360 litros, com o balde, cerca de 40 litros.
Roupas
Deixa para lavar as roupas de uma só vez, para usar a capacidade máxima da máquina. Além de água, há economia de energia. A água que sai da máquina, resultante do enxágue, pode ser utilizada para lavar pisos e calçadas (que podem ser previamente varridos), para ensaboar tapetes, tênis.
Vazamentos
Uma torneira pingando gasta 60 litros de água por dia. Se houver filete de um milímetro de água, serão gastos 2 mil litros por dia. A manutenção evita além do desperdício de recurso natural, economia na conta mensal.
“Há formas de economizar água e evitar o desperdício por meio de atitudes conscientes da população, no entanto, há que se cobrar do poder público medidas mais contundentes que permitam a cobrança e o acompanhamento de ações que evitem o desperdício e levem à economia desse bem tão precioso para a existência de vida no planeta”, reforça a professora.
CONSCIÊNCIA. Desperdício pode levar metade da população mundial a ter problemas. —FOTO: DIVULGAÇÃO
Fonte: O Diário Maringá