Fonte de orgulho entre muitos síndicos, os jardins dos condomínios pedem cuidados frequentes por causa da necessidade de regas, de podas e dos riscos de ataques de cupins. Mas vale o esforço mesmo em época de falta d’água, pois eles trazem bem-estar e ajudam a valorizar os imóveis.
Na foto maior, jardim principal do Condomínio Ville Belle Epoque, com quase 2 mil metros quadrados. No destaque, Pata de Elefante, espécie apropriada para época de seca
A vegetação traz implicações relevantes para os condomínios. Além do prazer gerado pela beleza, ela proporciona bem-estar físico, seja pela sombra, o frescor e o verde, como pela barreira que forma contra ruídos externos da cidade. Mas também impacta sobre as instalações do prédio, a segurança dos moradores e funcionários e o sistema de drenagem, descreve a paisagista Daniela Sedo.
É preciso assim trabalhar o paisagismo considerando a área disponível e o perfil do local, a insolação, clima, proximidade com lajes e tubulações, porte da espécie desejada, necessidade de regas, limpezas e podas,a interferência sobre a claridade interna das unidades, entre outros. E agora, diante da necessidade de se reduzir o consumo de água, podem ser escolhidas plantas que suportam um intervalo maior de irrigação, caso da Pata de Elefante (que aguenta 15 dias entre uma rega e outra, afirma Daniela).
Na ausência de um projeto prévio, o condomínio corre o risco, por exemplo, de plantar uma espécie inadequada de Palmeira, vegetação amplamente difundida pelo visual bonito que deixa na paisagem. Muitos tipos de Palmeiras crescem rápido, são agressivos, chegam a invadir as fissuras das tubulações e a danificar o sistema hidráulico do edifício, a exemplo da Areca Bambu, alerta Daniela.
Recentemente, a especialista atendeu a um condomínio em que a raiz da árvore entupiu a tubulação do apartamento do zelador, chegando ao vaso sanitário. Já a Palmeira Veitchia apresenta crescimento mais lento, atinge no máximo 4 metros de altura e se torna, portanto, uma boa pedida. Outro cuidado é lembrar que, além do porte elevado, árvores consideradas nativas como o Ipê e o Pau-Ferro não podem ser posteriormente removidas.
BELEZA E VALORIZAÇÃO
Apesar de todas essas implicações, porém, o fato é que a vegetação acaba se transformando em um diferencial da edificação. No Condomínio Edifício Belle Epoque, localizado no Alto de Pinheiros, zona Oeste de São Paulo, a área soma mais de 2,5 mil metros quadrados, incluindo o setor principal, talude e frente. Estão abrigadas ali 57 espécies, algumas delas reproduzidas aos milhares, caso do Jasmim (com 6.360 mudas, conforme levantamento feito pela paisagista local). A Dracena e a Gardênia, por sua vez, têm 876 e 760 mudas, respectivamente.
O gerente predial Cristovão Luis Lopes afirma que a irrigação é feita com água de reuso, caso contrário, seria impossível manter a vegetação visçosa com os cortes frequentes no abastecimento da rede pública. Dois jardineiros trabalham em tempo integral no condomínio, auxiliados por contrato de manutenção permanente com empresa de paisagismo. Além das Palmeiras diversas (como a Phoenix), o ambiente é composto por Sibipiruna, Pau-Ferro, Jacarandá, arbustos diversos, forrações, gramíneas,flores e árvores frutíferas como Abacateiro, Romã, Pitangueira e Jabuticabeira. Implantado há cinco anos, os jardins do Ville Belle Epoque contribuem hoje para valorizar os imóveis do condomínio, afirma Luis Lopes.
PREOCUPAÇÕES COM A LEI E A SEGURANÇA
Também bonito, os jardins do Condomínio Residencial Parque das Nações, na Vila Leopoldina, formam um ambiente agradável entre as oito torres e os 17 mil metros quadrados do empreendimento. Os troncos das árvores têm ganhado a companhia de orquídeas dispensadas pelos moradores e tratadas pelo jardineiro Jailton Alves Santana. Entretanto, o síndico Adolfo Luiz Asquino anda preocupado com os cupins que infestam um exemplar de Pau-Ferro. Em 2007, outro Pau-Ferro caiu e atingiu três veículos.
Exemplar de Pau-Ferro infestado por cupins. Segundo a paisagista Daniela Sedo, o combate adequado envolve tratamento químico do jardim por inteiro, não basta cuidar apenas da árvore afetada pelas pragas. E para evitar riscos de queda, recomenda-se ao síndico providenciar uma estrutura para ampará-la.
Para evitar nova ocorrência, Adolfo Asquino pediu, sem sucesso, autorização de remoção com compensação à Prefeitura de São Paulo. Ele foi orientado a promover o tratamento químico da árvore. Em São Paulo, podas e cortes da vegetação em áreas públicas e privadas são reguladas pela Lei 10.365/1987. Os síndicos devem solicitar autorizações para a Subprefeitura de sua região, apresentando abaixo-assinado proposto por pelo menos 51% dos condôminos ou deliberação de assembleia. E não podem furar troncos para afixar iluminação de Natal e outros objetos, sob pena de pagar multa de R$ 10 mil. Os furos propiciam a entrada de cupins, bactérias e fungos, colocando em risco a saúde da árvore.
Fotos: Rosali Figueiredo
Fonte: Direcional Condomínios