Aumento da violência, aumento da participação da mulher no mercado de trabalho e a elevação das taxas condominiais são alguns dos fatores que têm impulsionado o surgimento dos condomínios-clube, empreendimentos que oferecem diversos serviços e itens de lazer aos moradores.
Mas apesar das vantagens e da facilidade de quase não precisar sair de casa, esse tipo de condomínio traz alguns desconfortos típicos, como os congestionamentos no elevador e na garagem e a redução da privacidade.
Por isso, antes de se mudar para um condomínio clube, avalie os prós e contras e descubra se esse tipo de moradia combina com o seu estilo de vida.
Lazer e convívio social para as crianças – Para Márcio Rachkorsky, que é advogado de mais de 100 condomínios-clube e síndico profissional de 20, a vantagem desse tipo de empreendimento é a possibilidade de lazer para os filhos e convívio com as outras crianças. “Para as crianças, o condomínio-clube é um sonho. Tem piscina, quadra, cinema e além de todo o lazer, como eles têm muitas unidades, a criança tem a possibilidade de fazer amizades”, diz.
Taxas condominiais mais baixas – Os condomínios-clube possuem em média 600 ou 700 unidades, isso faz com que mesmo as estruturas de lazer onerosas não pesem no bolso, já que o custo fica diluído entre todos os moradores.
Considerando que o principal fator de formação do preço da taxa condominial é a quantidade de moradores, muitas vezes os condomínios-clube possuem taxas mais baratas do que condomínios mais antigos que possuem 12 ou 13 andares e não têm área de lazer.
Dependendo da estrutura do condomínio e do proveito que os moradores fazem dela, a economia é ainda maior, já que gastos com babás, mensalidades de cursos e academias podem ser dispensados.
Valorização do imóvel – A ampla estrutura de lazer que o condomínio oferece, pode influenciar na valorização do imóvel. “Há um interesse cada vez maior das pessoas em ter tudo em casa. Por isso, a área de lazer do condomínio pode proporcionar uma maior demanda por esse tipo de imóvel”, diz José Roberto Graiche Júnior, diretor jurídico da Associação Administradora de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic).
Mas apesar da área de lazer, a valorização do imóvel também depende muito de fatores como a localização, a área privativa, a conservação do empreendimento e a forma como os recursos do condomínio são utilizados.
“É preciso analisar o conjunto. Se o condomínio tiver uma área grande, mas deteriorada, a sensação de abandono pode ser uma desvantagem na venda do imóvel. Mas, se o condomínio estiver bem conservado isso pode ser uma vantagem e pode levar a uma valorização do imóvel”, diz Graiche.
Menor privacidade – A primeira desvantagem desse tipo de moradia é a falta de privacidade. As chances de não encontrar um vizinho pelo caminho são quase nulas.
“No condomínio-clube você tem muito contato com pessoas o tempo todo. Então, quem está acostumado a morar em um prédio com poucas unidades precisa se preparar para esse choque. É uma mudança radical: é muita regra, muita gente, é um novo conceito de vida”, explica Rachkorsky.
Risco de má administração – A má administração do condomínio pode acabar com todas as suas melhores vantagens. Para Angélica Arbex, gerente de relacionamento com o cliente de uma administradora de São Paulo, se a equipe de administração do condomínio – formada por síndico, subsíndico e conselho – não mantiver as áreas de lazer, entretenimento e convivência dos condomínios conservadas e ocupadas pelos condôminos, os moradores correm o risco de ver o seu patrimônio se desvalorizar.
Nos condomínios-clube o morador pode enfrentar congestionamentos antes mesmo de sair da garagem. “O número excessivo de veículos torna a operação da garagem muito complicada. É difícil identificar todos os veículos, cadastrar os carros de todos os moradores e em muitos casos é difícil sair da garagem forma organizada”, explica Márcio Rachkorsky.
Condomínio x espaço público – Se o condomínio não tiver regras claras em relação a visitantes, o morador pode ter a sensação de que sua casa se tornou um hotel ou parque de diversões. Segundo Rachkorsky, é comum as pessoas acharem que o condomínio é um verdadeiro clube e levarem parentes e amigos ao local para aproveitar a sua estrutura.
Área privativa menor – Para compensar a metragem reduzida dos apartamentos, algumas empreendedoras vendem a área comum como uma extensão da privativa. Alguns compradores ficam tão encantados com a área comum que se esquecem de pensar no espaço onde vão passar a maior parte do tempo.
“Se o morador for passar 95% do tempo no apartamento, ele precisa ser aconchegante e compatível com o tamanho da família. Não adianta ter uma piscina linda, um condomínio lindo, a quadra perfeita e o apartamento ser um ovo”, afirma Rachkorsky.
Reformas – Nos primeiros anos de funcionamento de um condomínio-clube, as reformas nos apartamentos costumam incomodar muito os moradores. Segundo Rachkorsky, no começo os moradores precisam conviver com 200, 300 obras no mesmo condomínio.
Mas ele afirma que depois de uns dois anos a situação começa a se normalizar, quando o condomínio passa a estabelecer as normas de funcionamento e o número de reformas diminui.
Fonte: Exame