A harmonização das energias é um dos pilares que sustentam a filosofia oriental. Seguindo esse conceito os chineses criaram há cerca de 2000 anos o feng shui, uma técnica para harmonizar a energia dos ambientes. Raul Soroa, consultor e estudioso do feng shui desde 1997, explica que a base da técnica está ligada ao modo como as construções afetam a vida das pessoas nos lugares onde elas trabalham e moram. “O feng shui é um estudo que foi elaborado até se chegar nas diferentes técnicas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Tudo depende do que a pessoa busca. É basicamente a correlação entre a vida e o ambiente”, comenta Raul.
De uma forma muito sucinta, o feng shui visa a harmonização e busca pontos específicos que podem melhorar a circulação da energia nos ambientes. “O feng shui vem com o propósito de neutralizar as energias negativas”, comenta o arquiteto Eduardo Wolf, adepto das técnicas de feng shui em seus projetos. A arquiteta Calina Mussi usa o feng shui em seus projetos sempre que possível, mas complementa que a técnica não é tão simples de se aplicar como parece.
Raul explica que o feng shui aponta a influência do ambiente na vida das pessoas e o que pode ser feito para melhorá-la através da identificação e solução dos pontos positivos e negativos. O consultor comenta que muitas técnicas de prosperidade utilizam a água como elemento potencializador, mas não adianta sair espalhando fontes e aquários pelos cômodos. “A água é um dos elementos que potencializa a energia, mas isso depende da técnica, da orientação magnética e diversas tabelas que mostram onde o objeto com água deve ser colocado. Esse objeto pode ser um aquário, uma fonte ou até mesmo a água parada”, explica Raul. Segundo o consultor, caso a pessoa opte por colocar os objetos nos lugares errados, o efeito pode ser exatamente o contrário, pois é preciso identificar as particularidades e individualidades de cada local.
Atribuir aos objetos a ideia de que eles trarão prosperidade está ligado ao fato do feng shui ter passado por algumas adaptações ao longo dos anos. Raul comenta que por ter como base a filosofia chinesa, é comum ter muitos elementos da cultura oriental e que não faz sentido manter em casa pelo aspecto cultural ocidental. “O feng shui original está em um nível mais científico do que simplesmente utilizar objetos da cultura chinesa. É importante fazer essa separação dos aspectos culturais”, orienta Raul.
O projeto acima, da arquiteta Calina Mussi, teve como inspiração a madeira, a terra e a pedra, unindo o belo, o simples e o prático. As paredes foram revestidas em madeira e mármore, tendo como tons predominantes os terrosos. O projeto luminotécnico trouxe luzes indiretas para conforto e aconchego, enquanto os cristais conferem sofisticação ao ambiente. O uso da madeira escura nos ambientes amplos e bem iluminados proporcionou sensação de conforto para a família e as pessoas que frequentam a casa.
Raul Soroa ressalta que os cinco elementos utilizados pelo feng shui, que são tratados como remédios pela a técnica são a terra, a água, o fogo, a madeira e o metal. Segundo o consultor, não há necessidade de usar o elemento em si na decoração dos ambientes, mas algo que se compare a sua capacidade vibracional. “Um bom exemplo é que não é preciso usar terra para representar o elemento. Ela pode ser substituída por um tampo de mármore ou granito, que são elementos extraídos do interior da terra. As soluções de feng shui são simples e quase sempre não são aparentes”, explica Raul.
Vale lembrar que não há mágica por trás do feng shui. O consultor ressalta que não adianta espalhar os elementos pela casa e ficar sentado esperando que a prosperidade bata à sua porta ou que alguém ligue oferecendo o emprego dos sonhos. A disposição dos objetos no ambiente não é perpétua, pois o feng shui funciona em ciclos que variam de um a 20 anos. Raul explica que a cada novo ciclo anual, iniciado sempre no dia quatro de fevereiro, uma nova característica energética interfere no ambiente. “É importante saber onde colocar e também quando retirar os objetos daquele ambiente”, ressalta.
A avaliação de um ambiente segundo o feng shui é feita através do estudo da planta baixa, data de nascimento, onde os moradores vivem e quais problemas estão enfrentando. Com essas informações o consultor perguntará quais são os pontos que eles gostariam de melhorar e somente após isso o relatório com as sugestões de mudanças é elaborado.
Ponto comum defendido pelos dois arquitetos, arrumação, organização e limpeza devem estar sempre presentes nos ambientes. Quem é simpatizante das filosofias adaptadas do feng shui pode seguir as dicas dos arquitetos Calina Mussi e Eduardo Wolf. Como a técnica está ligada a água, Eduardo sugere o uso de fontes. “Uma fonte de água pode ser uma boa dica, principalmente se estiver alocado no lugar destinado a espiritualidade, pois a água ajuda a filtrar as energias. Outra opção é usar objetos em tons dourados”, orienta o arquiteto.
Calina aponta o uso por tons terrosos como uma boa alternativa, indicando a preferência pelo amadeirado. “Plantas, de preferência naturais, ajudam a renovar a energia do ambiente. É importante também acabar com a desordem visual, organizando muito bem os objetos”, lembra a arquiteta. Segundo Calina, a iluminação também é um fator importante e não deve ser deixada de lado.
Quanto aos objetos decorativos, Calina e Eduardo sugerem os objetos em madeira, metal e dourados, mas vale lembrar que não se deve entulhar esses objetos no ambiente. “Os quartos são ambientes de descanso e portanto não devem ser sobrecarregados com os objetos. A cozinha tem uma ligação muito forte com o feng shui, pois o fogo é um grande representante da prosperidade”, explica Calina.
Eduardo enfatiza que o feng shui é um balizador e seu uso não deve ser feito de forma radical. Segundo o arquiteto, é importante harmonizar as técnicas do feng shui com o que traduz o jeito de vida de cada um. “A harmonização visa facilitar o equilíbrio para lidar com o dia a dia”, comenta Eduardo.
Fonte: Portal BBel