Acionada por um grupo de moradores reunidos na Associação Amigos do Jardim Morumbi, a Prefeitura de São Paulo vetou a construção de megaempreendimento imobiliário em uma das últimas áreas de preservação do bairro da zona sul. Por meio de uma permuta com a Congregação das Irmãs Franciscanas, dona das terras ao lado do Colégio Pio XII, a Cyrela queria alvará para construir 111.587 metros quadrados – espaço suficiente para erguer pelo menos oito torres residenciais e 1.200 vagas de garagem, segundo especialistas do mercado imobiliário.
O pedido da incorporadora foi indeferido em definitivo pela Prefeitura no dia 12 de janeiro. Caso o empreendimento fosse aprovado, as Irmãs Franciscanas seriam parceiras da Cyrela em um futuro projeto imobiliário. O terreno onde havia o pedido para “edificação nova” em trâmite no governo municipal desde 2008 soma, ao todo, 127 mil metros quadrados, é coberto por mata nativa e fica entre o Colégio Pio XII e a Marginal do Rio Pinheiros.
A possibilidade de novos prédios em uma região protegida por leis municipais e estaduais de preservação mobilizou moradores do Morumbi. “Acabaram com a mata ao redor do Panamby e queriam agora acabar também com a floresta que restou entre o Pio XII e o Rio Pinheiros”, afirma Sérgio Gottahilf, de 58 anos, presidente da Associação Amigos do Jardim Morumbi.
Os moradores reunidos na entidade levaram à Secretaria Municipal de Habitação mapas, cópias de leis e fotos que mostram a presença de 59 espécies de árvores e de plantas originárias da Mata Atlântica no terreno que pertence às Irmãs Franciscanas. Eles também argumentaram que o trânsito da Rua Colégio Pio XII, uma das poucas vias que dão acesso à Avenida Morumbi, seria “estrangulado” com um novo condomínio de até oito torres.
Gottahilf e advogados que fazem parte da Amigos do Jardim Morumbi também acionaram a Promotoria de Meio Ambiente e apontaram a existência de três cursos d?água no terreno cobiçado pela Cyrela. O caso estava sob análise do promotor Ismael Lutti. O presidente da associação, porém, não acredita que o mercado imobiliário vai desistir de tentar erguer um condomínio na área da mata.
“Ninguém está preocupado com ecologia ou em preservar o que sobrou de área verde aqui no Morumbi. O mercado quer é construir mais prédios. Não acho que a luta para preservar essa mata tenha acabado agora”, diz.
Fora dos quesitos
Procurada pela reportagem, a Cyrela admitiu que seu projeto “não atendeu aos quesitos básicos necessários para a incorporação”. Já a Congregação das Irmãs Franciscanas não quis comentar a parceria com a incorporadora ou se ainda tem interesse em vender a área. A direção do Colégio Pio XII informou, por meio de sua equipe de marketing, que o terreno cedido à Cyrela não atrapalharia o funcionamento do colégio, caso fosse construído um condomínio no local. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão